quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Assalto

"Entrei para as estatísticas"

Hoje, por volta das 9h45, eu entrei no ônibus para chegar ao meu trabalho.

Como moro em um local em que passam muitos ônibus, sempre entro nos que estão mais vazios. Hoje, foi a mesma coisa.

Entrei, paguei a passagem e, idiota, sente-me lá atrás, no penúltimo banco. Não percebi que havia um homem sentado atrás de mim, no último banco.

Eu estava feliz e tranquila.....se bem que tranquilidade não é o melhor sentimento para definir São Paulo.

De repente, o homem começa falar ao telefone e diz: Isso vai dar merda. Era para ter matado a mulher, não o homem. Estou chegando e "a gente conversamos" depois.

Eu fiquei apavorada com o que ouvi e pensei que, realmente, aqui tem todo tipo de pessoa.

Como achei a conversa esquisita, levantei-me para sentar em um banco na frente, próximo ao cobrador e às outras pessoas. Nesse instante, o rapaz encostou um revólver nas minhas costas e perguntou se o meu nome era Patrícia.

Apavorada, eu disse que não. Ele disse que estava procurando uma mulher para matar, a tal Patrícia, e que eu era a cara dela. O bandido, não há outra palavra para esse covarde, pediu para ver o meu RG....e eu tremi mais do que vara verde, mas consegui tirar o documento da bolsa e mostrar a ele.

Após conferir que eu havia dito a verdade, ele pediu o meu celular e dinheiro. Disse para eu ficar quieta e não esboçar nenhuma reação. Caso contrário, atiraria.

Eu obedeci, entreguei o celular e pedi para ficar com o chipe....como é que eu consegui pensar niss?

Ele devolveu o aparelho para mim e autorizou a retirada do chip. Como eu estava tremendo, pedi que ele tirasse o chip, me entregasse e ficasse com o celular.

O bandido também levou dinheiro, não me lembro a quantidade exata, pois estava nervosa e entreguei as notas que tinha.

Perguntei se poderia descer do ônibus e ele disse que não, que eu só poderia descer depois dele. Eu consenti e pedi a ele para ficar tranquilo, pois eu não faria nada...não esboçaria nenhuma reação que o prejudicasse.

O covarde desceu e ficou me encarando....até que o semáforo abriu e o ônibus partiu.

Imediatamente, tive uma crise de choro, comecei a tremer e a soluçar. As pessoas ficaram assustadas e começaram a perguntar o que tinha ocorrido. Eu expliquei e o cobrador disse que "passaria um rádio" para avisar aos demais motoristas e cobradores.

Uma senhora se ofereceu para ir comigo até o meu local de trabalho, mas eu recusei. Não a conhecia e fiquei com medo.

Desci uns 4 pontos depois dele, próximo ao meu local de trabalho.

Cheguei ao trabalho apavorada e soluçando.

Estou chocada com os sentimentos que tomam conta da gente: eu estou me sentindo impotente, super assustada, morrendo de raiva.

Agora, 11h45, estou um pouco mais "calma" e percebo que poderia ter agido de modo diferente e começo a me questionar sobre a minha decisão de sentar justamente no penúltimo banco, de como fui ingênua ao não sentar mais próxima às pessoas etc. Acredito que esses sejam sentimentos comuns a todas as pessoas que passam por essa situação.

Já liguei para a polícia, registrei os fatos e, até o final da semana, farei um boletim de ocorrência.

Espero que o meu caso sirva de alerta para as outras pessoas.

O bandido que apontou uma arma para mim hoje é negro, usava uma camisa social cru, calça escura e tinha os olhos extremamente vermelhos. Não sei se ele estava drogado, bêbado ou havia dormido mal.

Espero, sinceramente, que ele seja preso e pague pelo que fez e faz de ruim às pessoas.

Essa é São Paulo, uma cidade maravilhosa, que tem todo tipo de gente, infelizmente.

Um comentário:

Ale Fraga disse...

E um sentimento de impotencia total passar por uma situação dessas. Comigo foi parecido e até hoje morro de medo de entrar em um onibus.
Nossa amiga! Tô super assustada! Como vc está agora? E o Bebê? Continua pegando o mesmo onibus?

Se cuida, por favor!
Beijo